Alguns relatos do processo:
Desta primeira experiência com a pedra, e desta primeira partitura que se originou, novamente Andréia resgatou no seu corpo as sensações da experiência “pedra em cima do peito” e continuou experimentando os repertórios de movimento que surgiram dali. Escolhi como caminho insistir nesta primeira partitura e dentro dela acrescentar materiais e imagens, pois neste estudo estou interessada em trabalhar dentro da mesma partitura de movimento as variações e gradações do peso, do firme ao leve, e como olhar de fora, entender um pouco melhor como é isto na fruição.
Resgatamos também os movimentos e qualidades que surgiram a partir da experiência da “carta de saudade”.
A princípio achamos que elas poderiam ser partituras misturadas, mas neste momento para parecem coisas que conversam mas que existem separadamente.
Neste exercício da Déia resgatar materiais, algumas vezes, tentei orientá-la para alguma qualidade, ou relações com o corpo, como o olhar, que achava que poderiam ajudar e fortalecer as imagens poéticas no corpo. Algumas vezes minhas observações foram pertinentes e a ajudaram, outras não. Abstrato dizer e descrever momentos de dança com palavras mas vou tentar relatar aqui com poucas palavras a experiência de nosso último encontro que para mim foi bem especial:
Estamos trabalhando dentro do material da “carta de saudade”:
No material que Déia criou estão presentes qualidades de um gestual muito leve e delicado, e em oposição um momento de explosão de movimento no espaço, mãos que recolhem algo ou alcançam algo. No meu olhar de fora, percebi que ela trabalhava os movimentos numa relação com o eixo do sistema reto do corpo, propus para ela que jogasse com o sistema cruzado do corpo na explosão, braços e pernas para direções opostas, causando mais espirais e torções. Muito legal foi ver que quando Andréia começou a entender aquela qualidade, que de alguma forma abria outros espaços e caminhos no corpo dela, gerava uma outra sensação, talvez que a fez “crescer” no espaço.
Tenho pensando muito sobre isto...as vezes descobrir alguma qualidade ou mesmo movimento que não é a principio familiar a meu corpo pode abrir espaços criativos em mim que nem sabia que existiam.
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