. p e l e . r o u p a . . o q u e n ã o c a b e m a i s .
por Carolina Nóbrega
O que não cabe mais...
Há um tipo de leveza, de alegria exuberante que tinha e que fugiu para dar lugar à alguém mais duro e sério. Aquela alegria não cabe mais. Mas sinto falta dela. Não queria a ter expulsado.
Não couberam mais certas roupas que joguei fora. Não por estarem pequenas, mas por se afastarem de mim ao ponto de eu não as reconhecer.
Não cabe mais a filha, a neta, a sobrinha. Algo em mim se estrangeirou.
Talvez não caiba mais São Paulo (acho que um prédio executivo perfurou meu esôfago).
Não cabe mais nenhum objeto de casa. Me afundei nos excessos de coisas da minha família, há um acúmulo de coisas... as quais temporariamente vomito.
O ceticismo também não cabe. Desejo de estar por entre.
Tenho medo de não caber mais uma versão minha mais desprendida, mais moxileira, mais kamikaze, mais militante.
Não cabe mais correr atras de coisas emergentes a cada segundo. Não cabe, mas precisa continuar cabendo, mesmo que descabido.
. p e l e . . o v e s t i d o p r e t o .
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